quinta-feira, 1 de abril de 2010

Começa o 1º Round: Bonar X Hoekema

No livro: O Caminho de Deus para Santidade, (pg. 103), Bonar faz uma série de acusações em relação às pessoas que interpretam a passagem de Rm.7, como sendo a de um homem não-regenerado. São essas as suas palavras:

“Não consigo ver como uma pessoa, com discernimento equilibrado, diante do argumento do Apóstolo, sem uma teoria a que se apoiar, ou com alguma consciência de conflito espiritual, poderia atacar este capítulo (Rm.7), atribuindo à uma condição não regenerada de uma pessoa ou ao seu estado transicional enquanto tateia em seu caminho para o repouso.”

As palavras são duras. Elas nos dá a impressão que é de uma impossibilidade mental, pensar que a passagem de Rm.7 seja atribuída a um estado de um homem não-regenerado.

Segundo Loyd-Jones, todos os pais da igreja pensavam que Romanos 7 trata do homem não-regenerado!

Será que Bonar pensa que a maioria dos pais da igreja estava com discernimento desequilibrado? Não parece justo, pois está desinformada, essa colocação de Bonar.

Agora, citando Antony Hoekema, em seu livro: O cristão toma consciência de seu valor, (pg. 64-66), Hoekema, apresenta 6 motivos pelo qual ele interpreta essa passagem de Rm.7 como sendo a de um homem não-regenerado. Vejamos agora a 1ª razão:

“(1) Romanos 7.13-25 reflete a situação descrita em 7.5, desenvolvendo-a. Em 7.4, lemos: ‘Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, e deste modo frutifiquemos para Deus’. Vocês, crentes – é o que Paulo está dizendo – morreram para a lei porque foram crucificados com Cristo; estando unidos a Cristo não apenas em Sua morte, mas também em Sua ressurreição, agora vocês foram entregues a Cristo – casados com ele, pode-se dizer – para darem fruto para Deus. No verso seguinte, porém, Paulo prossegue, dizendo: ‘Quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos membros, a fim de frutificarem para a morte’. Obviamente, o que se descreve aqui é um estado anterior à conversão, quando nós crentes, ainda ‘vivíamos segundo a carne’.
Naquela época nós não guardávamos a lei, mas descobrimos que, ao invés, a lei punha em realce as nossas paixões pecaminosas; e o resultado é que estávamos dando fruto não para Deus, mas para a morte. Deixando de lado, por enquanto, o verso 6, veremos que as condições descritas no verso 5 são exatamente as mesmas que se referem nos versos 13 a 25. O verso 13 resume a situação descrita no verso 5: ‘Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum; pelo contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma coisa boa, causou-me a morte; a fim de que pelo mandamento se mostrasse sobremaneira maligno’. O verso seguinte, o 14, começa com a palavra ‘porque’: ‘Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou canal, vendido à escravidão do pecado’. É importante também observar o ‘porque’ e o ‘pois’ do próximo verso: ‘Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e, sim o que detesto’. Através dessas conjunções, Paulo liga o que se segue com o que ele disse antes. Assim, o restante do capítulo 7 é um desenvolvimento das condições descritas no verso 5.
Lembramos que o que está descrito no verso 5 é um estado anterior à conversão, em que as pessoas descritas estavam vivendo ‘segundo a carne’ ainda.”


Essa é a 1ª razão que Hoekema apresenta para afirma que Rm.7 fala do homem não-regenerado. É bem diferente daquilo que Bonar disse.
Hoekema mostra através de uma análise relativamente simples e com argumentos fortes sua posição teológica.

O fato é o seguinte: ainda estamos no início das discussões sobre Rm.7, mas o que dá para ver é que pensar em um homem não-regenerado, além de não ser um problema teológico é perfeitamente aceitável e de certa forma explica muitas dificuldades que os crentes enfrentam em suas vidas [...], mas isso é assunto para outros artigos.

Soli Deo Gloria.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Uma luta de gigantes!!!!!!!

Apresentando os oponentes:
De um lado temos Horatius Bonar (1808–1889):



Doutor em Divindade na Universidade de Aberdeen. Escocês que serviu como ministro cristão. Escreveu vários livros e um deles será usado para essa luta teológica. O CAMINHO DE DEUS PARA A SANTIDADE (Editora Paracletos). Um livro que merece lugar nas bibliotecas de todos fiéis de Deus. Além de ser compositor de poemas e hinos cristãos. Rendemos glórias a Deus pela existência desse servo fiel.

Como seria tradicionalmente provável, ele defende que Rm 7 trata-se do homem regenerado. Mas no capítulo 7 do livro sitado acima, ele apresenta várias razões que levam-no a rejeitar a posição de que Rm 7 seja o não regenerado.

Para responder algumas de suas proposições convocamos um outro autor a altura.

Do outro lado está:



Anthony Hoekema (1913–1988):
Formou-se em psicologia pela Universidade de Michigan. Recebeu o título de Bacharel em Teologia do Seminário Teológico de Calvin, e doutourou-se pelo Seminário de Princenton. Foi professor do Calvin Theological Semnary onde ocupou a cadeira do conhecido Teólogo Louis Berkhof.

Dr. Hoekema defende a posição de que Paulo no texto de Rm7 está falando de homem não-regenerado ou de um cristão que tenta se virar sozinho. Em seu livro - O cristão toma consciência do seu valor, ele afirma:

"Mas o que está descrito aqui é a luta do homem não regenerado (ou do homem regenerado que resolve 'se virar sozinho'), não a vida normal do crente" (HOEKEMA, 1987,p.64).

Portanto começou o primeiro round: YOU FIGHT!!!!!!!!

Escravo de Deus ou do pecado?

Em Romanos 6.20 Paulo diz que os cristãos eram escravos do pecado. Sua argumentação é em favor da santidade. Já não são mais escravos do pecado, mas agora somos escravos de Deus (Rm 6.22).

Mas a interpretação tradicional de Rm 7. 15-25 joga Paulo numa "esquizofrenia". Em Romanos 7.14, se ele estivesse falando em seu estado regenerado, então estamos diante de uma contradição óbvia. Nem adianta comparar Soberania e Responsabilidade, Trindade e Unidade, que todos sabemos que não existe contradição real nesses assuntos.

Em Romanos 7.14 é dito: “[...]sou carnal, vendido á escravidão do pecado.” Em Romanos 6.20 é dito: “Por que quando éreis escravo do pecado...” e no versículo 22 nos diz: “Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus[...]”.

Assim, pensemos se compensa sustentar uma interpretação que nos causa dificuldade lógica, e pior, implicitamente mantendo um contradição na Escritura. Por um motivo tradicional? Por que Agostinho e Calvino nos disseram?

Esses dois são sem duvida indicações importantes para uma 'jurisprudência' hermenêutica das Escrituras. A autoridade de ambos são reconhecidas por todos nós.

Mas a título de exemplo, Calvino era contra o 'rebatismo' de católicos. Será que a IPB é calvinista neste ponto? Quem leu as Institutas percebe muito bem que esse não é o único momento que os presbiterianos abandonaram Calvino.

Então, devemos pelo menos analizar esse assunto e não simplesmente porque Calvino disse está correto o pronto.

Está aberta a discussão...

quinta-feira, 18 de março de 2010

O que é isso? Uma heresia?

Calma, isso não é heresia. Entender Romanos 7. 14-25, como o apóstolo Paulo fazendo uma narração de seu estado não-regenerado, não é heresia.
Os autores desse blog, são de tradição Reformada. Também sabemos que alguns classificam essa posição de arminiana. Mas não é o caso. Temos como defender essa interpretação, uma vez que ela não é idéia de nossa cabeça.

O renomado Teólogo Dr. Antony Hoekema e além de outros estudiosos (sem uma identificação estreita com a tradição Reformada) defendem essa posição em relação ao texto de Romanos7:14-25

A questão não é a de estarmos certos e o mundo cristão errado. Mas o propósito é discutir o contexto de Romanos 7, especialmente os capítulos 5, 6, 7, e 8 para uma avaliação desse texto.

E nesse primeiro artigo queremos destacar que você em primeiro lugar faça um leitura desses 4 capítulos, sem se preocupar com as divisões numéricas. E por favor, note as palavras de Paulo em Romanos 7. 5, 6.

Faça, uma comparação do que Paulo diz em Rm 7. 15-25 e veja Rm 7.5. depois Rm 8. 1 – 17 com o que ele disse em Rm 7.6.

Ainda existe uma gama enorme de textos que quando analisados a luz dessa interpretação, ficam mais claros do que a visão mais comum, mas isso é assunto para outros artigos...

Soli Deo Gloria